terça-feira, 22 de março de 2011 | By: Rô Torquato

"Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado,
assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você
esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca,
talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressiva não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira,
mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou
a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente,
você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso,
eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro...
Mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor,
o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa,
eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois
saía sozinha, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer,
porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir,
sim, era preciso estar disponível para ouvi-las...
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber
até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia,
e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você
todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo,
sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas,
e pensava que amar era só conseguir ver,
e desamar era não mais conseguir ver, entende?" (Caio F. Abreu)

Até que ponto o outro é aquilo que vemos? Ou será fantasia, projeção, uma idealização doentia? O amor pelo outro e as expectativas levantadas sobre um relacionamento, penso nunca devem ser alicerçadas sobre o que esperamos do outro... Antes de tudo reconher em nós, os defeitos, qualidades, modificar o que nos atrapalha de ir fundo na busca de nossos objetivos, no amor incondicional a nós, dando-nos o valor necessário a tudo que somos e experienciamos ao longo da vida. O outro deve estar em nossa vida para complementar o que já somos e não ser o motivo de nosso viver, de nossa felicidade... A felicidade deve estar, sempre! Porque além da pessoa amada existem outras em nossa vida que merecem nossa atenção, amor... Pois, quando um relacionamento acaba, é para estas mesmas pessoas que voltamos e também são elas que nos ajudam a soerguer a casa caída após a retirada da "grande árvore"...

2 comentários:

Marley Costa Leite disse...

Árvores frondosas têm raízes firmes, mas, muitas vezes, é o nosso olhar que as engrandecem. Pense nisso toda vez que regar as suas plantinhas... Beijos!

Rô Torquato disse...

Verdade, é isso mesmo... A gente caí e aprende muita coisa, essa com certeza é uma delas, que vai para a vida toda!